sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DESABAFO REVOLUCIONÁRIO


A preguiça nada mais é do que um bicho engraçadinho e lento-rastejante, que sobe em árvores e tem uns olhinhos marejados. É um mamífero que, assim como os ursos – que hibernam durante todo o inverno –, nos ensina uma verdadeira mensagem de vida: por que perder tempo com meias palavras, se você pode simplesmente dormir e poupar energia para momentos críticos, quando o clima o impede de caçar? Ou ainda, seguindo o exemplo deste animal tão sábio que é a nossa querida Bradypus, por que não se arrastar esplendorosamente pelo chão de húmus da floresta, curtindo o clima tropical e o carregado arzinho amazônico?
De verdade, quero entender por que o senso comum condena todas essas coisas. Mas se a preguiça é algo tão lindo, minha gente! Veja ainda os políticos, por exemplo. Eles fazem da inércia o seu padrão de vida... E os gregos? Do ócio, a flor primária do saber, a filosofia!
Eu simplesmente não entendo. Mas deixo esta questão no ar. Àqueles que puderem me responder, mandem um e-mail, mandem cartas. Quero entender porque a preguiça é tão mal vista, tão julgada, tão arrasada por todos. Ora, quem nunca se espreguiçou, que atire a primeira pedra! Todo mundo tem ao menos uma “ex-preguiça” para contar. Admita. Esse corpo-mole não mente.
E só para situar, essa eu compartilho com vocês: o que eu ouvi de gente reclamando durante as eleições... Não foi brincadeira não. Gente que faria de tudo para escapar do segundo turno. "Sair de casa para votar de novo? Mas que chato!". E sabem o que mais? Está certo. Essa democracia não serve para nada mesmo... A solução é nos arrumarmos, daqui para frente, com o que tiver. Vamos proclamar a preguiça nossa única representante federal, municipal, estadual, orbital... E assim a gente escapa de mais um pleito de fastio.
É claro, a ideia ainda precisa ser amadurecida. Vamos construir uma teoria de peso, e, assim, aguardo sugestões.
Mas não contem à vovó esta minha confissão. Ela ainda espera que eu vá arrumar a bagunça instalada há meses debaixo da minha cama... Mas quem sabe eu ainda tomo coragem e respondo na cara dela: "Ah, vó, no dia que arrumarem o Brasil, a gente conversa!".

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