sexta-feira, 17 de maio de 2013

APRENDI UMA PALAVRA NOVA

O mal desses (já velhos) novos tempos é que tudo dá gastura na gente.
"Gaxxxxtuuura"... Assim mesmo, bem prolongada.

A GRIPE QUE NUNCA PASSOU

Acho que, quando eu era pequena, peguei uma gripe e ela nunca sarou. Eu tenho essa moleza de espírito que me faz arrastar pelos dias a fio, sem fazer nada. Deixo para o último segundo todas as coisas, porque a cama me chama. O travesseiro, a preguiça. Um eterno protelar de quem tem o corpo todo dengoso de gripe...
Os meus olhos lacrimejam, o meu nariz escorre, e os ossos do crânio, os dentes, todos doem. É um estado permanente. Essa vontade passiva de morrer para o mundo, essa preguiça de viver. Nada muito definitivo, apenas parado, suspenso. Poderia ser verme, mas não, é gripe, gripe de alma, já diagnostiquei.
E quando o tempo piora, cai chuva, faz sol brabo, o meu estado, como fica? Assolado. Arrasado. Garganta cortada, inflamada, gosto amargo na boca, os olhos vazios, meio melados, molhados, a coriza do coração e o tapamento dos ouvidos, enquanto a tosse literária não me larga...
É gripe, na certa. É gripe.

"Okay", he said

Terminei de ler (14/05) "A culpa é das estrelas". Incrível (e reconfortante) pensar que bons textos ainda estão sendo escritos. Não sei se a lógica duramente capitalista do mercado editorial permitiria que mais livros humildemente brilhantes e apelativos (não de um jeito ruim) como este sejam feitos, sem deixar que a capa do livro, o marketing resenhista, o "todo mundo tá lendo no universo dos pré-adolescentes e mal-comidos" impeçam o crescimento natural, maduro e discreto (ainda que, no caso de "The fault in our stars", como acontece com frequência em tantos outros, tenham insistido em anexar à capa, posteriormente, o polêmico - e por mim desprezado - selo "#1 New York Times best-seller") de obras assim.
É um livro muito jovem para adultos esgotados. É um livro muito adulto para jovens-ameba (contingente majoritário neste planeta). É, portanto, um livro para jovens adultos. Ou adultos jovens. De alma, digo. E disposição. Pessoas que entendam que a capa  e o título (quando traduzido para o português, ressalvo, já que o original funciona perfeitamente, e orgulharia qualquer Harold Bloom) não conseguem abarcar, em sua tola alegria esfuziante de nuvens em giz de cera e um brilhante fundo azul-verão, toda a magnitude dessa obra humildemente pretensiosa.  E mais que satisfatória às próprias pretensões.
E mais, devo dizer, para salvar a honra dos que não se contentam com o apelo errado das cores equivocadas na capa de um livro que se vende de um jeito (matem as malditas editoras e estantes "badaladas" de livrarias) mas que não faz concessões ao hipotético público-alvo:  azul é também tristeza, inclusive os tons mais brilhantes.
E brilhantismo é a palavra para esse romance suficientemente desmistificado/desmistificador, onde você se comove com a doce filosofia de boteco-bistrô irrepreensível, com o amor que achou já não estar mais em moda (entre pais e filhos), com os diálogos de referências primorosas (e, Deus salve John Green e os sábios tradutores, não exaustivamente explicadas em "N.T.s" e N.E.s", por terem consciência de que só servem para público os que têm intelectualidade suficiente para captar os estímulos). Enfim, um ótimo livro. Para desafogar as vistas (e os sonhos) da quantidade surpreendente de lixo com que - aqui vai um belo exemplo, ainda que aleatório - as Lojas Americanas têm entulhado as prateleiras (de suas lojas e de nossos cérebros).

quinta-feira, 9 de maio de 2013

POEMA

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo

Eu acordei com medo e procurei no escuro alguém com o seu carinho
e lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança do tempo em que eu era criança

E o medo era motivo de choro, desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo, mas não chorei, nem reclamei abrigo

Do escuro eu via um infinito sem presente, passado ou futuro

Senti um abraço forte, já não era medo, era uma coisa sua que ficou em mim (que não tem fim)

De repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa

morna e ingênua que vai ficando no caminho
que é escuro e frio, mas também bonito
porque é iluminado pela beleza do que aconteceu há minutos atrás


Cazuza
Por Ney
A minha mente é como um mundo muito, muito, muito grande, mas cíclico, que me cansa.
Gira essas voltas, sempre as mesmas voltas, à volta de mim.
E eu não sou lá tão grande para que uma rotação seja maior que a frequência delas todas, sempre iguais.
Eu tenho uma mente vasta, mas plana. Um planeta raso aprisionado aqui dentro. Voltando sempre ao mesmo enfado.

AS COISAS QUE EU DEVERIA ESTAR FAZENDO

Eu realmente deveria atualizar mais meu blog, e é o que estou fazendo agora, mas só porque, na verdade, eu deveria estar estudando, mas como estudar é a última coisa que eu faço sempre, a atualização do blog subiu na lista de prioridades e deixou de ser a coisa número um na lista de coisas não feitas que eu deveria estar fazendo. Mas não. Calma. Está confuso. A questão é: eu deveria estar fazendo uma porção de coisas, e como atualizar o blog deixou de ser uma delas, é ela que estou fazendo, porque normalmente deixo para fazer as coisas que já não deveria. Hunf.
Eu deveria estar melhorando a minha postura e deveria estar domando o meu psicológico. Eu deveria estar me autoanalisando e vendo o que precisa ser jogado fora. Eu deveria ter menos autocomiseração e chorar menos e agir mais. Eu deveria parar de ser tão íntima em domínios tão públicos. Eu deveria parar de fantasiar e ter mais foco. Eu deveria ter uma porção de amigos e saber cuidar bem deles, para não perder assim como já perdi uma tonelada de tantos outros. Eu deveria.
Eu deveria ter mais amor-próprio e melhorar a autoestima, eu deveria, porque conviver com pessoas inseguras é um troço muito chato. Eu deveria ser mais atenciosa com quem gosta de mim e me tolera, e deveria ser menos tolerante com quem me desaponta, se desponta de mim e me enerva. Eu deveria ser mais afável e menos bipolar - o problema é que eu não sei ser nenhum dos dois, mas deveria.
Eu deveria desaprender a alimentar paixões neoplatônicas, eu deveria. Eu deveria desistir logo dos sonhos literários, se ficar provado de uma vez por todas que não tenho talento. Eu deveria comer menos, beber menos refrigerante, beber mais água, encolher a barriga. Eu deveria condicionar meu próprio cérebro a não ter mais tantos pensamentos fixos - me livrar desses pensamentos fixos deveria ser minha fixação primordial. Eu deveria.
Eu deveria ouvir mais minha própria voz interna, porque ela sempre sabe quando eu tô errada. Eu deveria. Eu deveria ser menos dependente do alheio, eu deveria. Eu deveria reaprender a me alegrar com a minha melancolia, e reaprender a não mais ligar se estou só - o fato é que estamos todos muito sós e abandonados. Eu deveria. Não mais chorar por nada disso. Já disse.
Eu deveria não rir tanto do que os outros dizem, mas é que de tudo acho graça. Eu deveria não. Eu deveria lembrar mais do que já consegui, pra gostar mais de mim, mas essas conquistas não significam nada. Eu deveria aprender a ser mais crítica. Aprimorar meus argumentos. Eu deveria sorrir mais e rir menos. Eu deveria.
Eu deveria encontrar um modo de ficar mais tempo em paz. Eu deveria terminar as aulas de violão e sair aprendendo alguma coisa. Eu deveria ter trazido o violão quando pude. Ou não me importar sobremaneira com isso. Eu deveria não migalhar. Eu deveria ter dito, naquele dia, no fim da aula: "Não quero". Mas como eu poderia ter previsto? E daquela outra vez, ter dito não também. Eu deveria ter voltado todo o caminho e ter dito.
Eu deveria estar estudando, porque amanhã tem prova. Eu deveria. Mas faço?

quarta-feira, 1 de maio de 2013

OLHA SÓ, MORENO

E eu me pergunto o que é que eu sou...

Vai ver eu não sou mesmo nada.


E eu me pergunto o que é que eu fiz...

Vai ver eu não fiz mesmo nada.


Eu penso tanto em desistir...

Mas afinal, não ganhei nada.



Mallu.