segunda-feira, 31 de maio de 2010

COISAS QUE NUNCA INTERESSARAM A NINGUÉM

O meu relógio de pulso apita incorrigivelmente sempre que dá meia-noite, eu nunca consigo jogar mais de duas partidas de xadrez em seguida, vive na Terra um jogador chamado Grafite, "Ciclano" existe e é um hidrocarboneto, a antiga Pérsia é o atual Irã, o café esfria e o refrigerante esquenta, a música "bom xibom xibom bom bom" era uma verdadeira crítica social, Elvis morreu, a saudade é um luxo de quem ama, não consigo decidir minha cor favorita, vejo o mesmo filme pelo menos três vezes e ouço toda a música dos créditos finais, leio romances de banca de revista, pensava que aviões não caíssem, gosto de química, no verão anoitece mais tarde, dias chuvosos são tristes, só lê jornal quem trabalha nele, meninos comeram meleca na infância, toda criança já degustou um inseto ou sabonete, mulheres admiram aquelas de quem falam mal à-toa, pessoas metidas pagam os mais antológicos micos, o significado da palavra "cosmopolitano", existe um verbo para o ato de pousar na lua, os avós gostam mais de doce que os netos, americanos comem pizza ruim, as últimas reprises de "A Lagoa Azul", quanto custa um fusca, estrelas emitem sons, legendas brancas são horríveis num filme, por que o absinto é verde, como as abelhas se tornam rainhas, algumas garoupas nascem fêmeas e viram machos, a nota de cinco reais é rosa ou lilás?

AS FACEIRICES DO COTIDIANO

Eu ando tão ocupada que já nem consigo respirar.
Tudo bem, é exagero. Mas ando ocupada o suficiente pra chorar de felicidade - ou simplesmente desabar de sono - quando chega a sexta-feira.
Hoje é domingo.
Hoje é domingo e domingo pra mim é um dia morto. Porque, de fato, o domingo só é domingo até a metade do dia. Já que logo anoitece e aí vira um dia árduo como outro qualquer, como uma terça ou quinta feira, porque o dia seguinte será segunda, e não se pode mais acordar depois do meio-dia. Vê só o que é a vida de um ser humano? A triste odisseia até a consumação dos séculos...
Mas a verdade é que eu estou exagerando mesmo. E o pior é que to sendo ingrata.
Em primeiro lugar, antes de reclamar, eu devia tomar vergonha na cara e agradecer por Deus ter preenchido meus dias de modo ultraespecial, e com atividades que prometem enriquecer o meu futuro e o meu agora também. E as atividades são muitas.
Veja só: De segunda a quinta, trabalho. Sendo que, às segundas e quartas, tem francês. Mas claro que a isso se soma a vantagem de não ter mais de fazer educação física (eu nunca realizei quaisquer proezas junto a uma bola). E, por falar no colégio, ele é outro compromisso que tem enchido minha agenda (para não dizer meu saco). Tudo bem, encaro isso como um quase mal necessário (ou pode-se inverter a ordem e transformá-lo num mal quase necessário).
Amanhã é segunda, tenho prova de matemática (e como em todo clichê, a adolescente em questão também odeia a matéria); pois são 1:16 da manhã e ainda não estudei.
2.π.r, 2.π.r, 2.pi.r, 2pierre, 2pierre, não posso esquecer!
Depois da prova de matemática, tem a de geografia. Claro, dia 3 é feriado e vai dar pra respirar um pouco, mas eu ainda tenho de fazer uma resenha sobre Dom Casmurro (havia outras opções, e eu ainda não decidi realmente se é sobre essa obra que vou escrever), adaptar junto a meus amados colegas uma versão de "Amor de Perdição" - pra encenar -, decorar umas falas pr'uma apresentação de francês, terminar o dever de química (orgânica), escrever a matéria sobre os playssons e já ir providenciando a próxima pauta, estudar português (eu nunca pensei que diria isso, mas esse ano a nossa língua "inculta e bela" anda erudita demais pro meu gosto), estudar pra segunda rodada de provas que já se aproxima antes mesmo de terminar essa, me esforçar pra não tirar nota abaixo do mínimo, pra não ameaçar a bolsa de estudos, encontrar tempo pra arrumar o quarto, estudar biologia, estudar as vanguardas europeias pra prova de artes, sentir saudade dos meus avós (que vão viajar depois de amanhã), e ainda arrumar ânimo e deixar as unhas crescerem pra eu poder roer durante os jogos da copa. Ufa!
E sabe que, além de tudo isso, uma coceirinha ainda insiste em corroer meu cérebro plantando aqui e ali ideias vãs de escrever uma história... Não qualquer coisinha. Algo "otro níve" mesmo! Desse jeito, acho que vou pifar...

Mas a verdade é que eu gosto. Sei que vai dar tudo certo.
E de pensar que faltam só 96 horas pra chegar a sexta-feira...

ESTREIAS PERFEITAS NÃO EXISTEM

Antes deste aqui, eu tinha feito um outro post para estrear o blog. Mas acabei não gostando, as palavras ficaram frouxas demais, e eu excluí. Então comecei de novo, e aqui estou, batalhando pra escrever algo que seja adequado à primeira postagem, e que ao mesmo tempo não seja intimidador demais. Acho que, assim como tinha feito na postagem anterior - atualmente excluída -, seria bom que agora eu esclarecesse alguns dos motivos que me levaram a criar um blog. Na verdade, não houve nenhum. Eu simplesmente comecei porque quero e, acreditem-me (se é que há alguém lendo por aí agora), antes de mergulhar de cabeça no pseudo-suicídio que pode vir a ser um blog, eu pensei em todos os bons - que na verdade resultam em péssimos – motivos para não criá-lo. Primeiro: todo mundo diz que os blogs são obsoletos, o que me deixa muito triste. Em que outro lugar alguém pode escrever o quanto quiser, sem perturbar ninguém, sem agredir o patrimônio público, sem limites (eu acho) de caracteres? Em que outra parte do mundo cibernético um ser humano insone poderá esfolar suas intermináveis horas de insônia pela madrugada? Aí você diz: Pra gastar tempo tem o MSN. Mas os amigos também dormem, meu caro, ao contrário dos insones... E há quem diga ainda que o Twitter é a resposta para todos os males. Que tudo o mais é modinha, e passageira, mas o Twitter é o messias internético definitivo. Digam. Tudo bem, sem problemas. No entanto, pessoal, eu me recuso a acreditar nisso. Nada contra quem goste. Mas é que simplesmente não há espaço pra felicidade se um ser humano não puder escrever mais de 9.000 caracteres. É o caos. A falta de espaço pra se expressar é a raiz de muitos problemas hoje em dia, acreditem-me. Claro que normalmente não sei do que estou falando, mas sinto dessa vez que há um fundo de verdade no que acabei de afirmar... E voltando à questão anterior, eu certamente não sou o tipo de pessoa que se contenta, ou sequer tem a capacidade, de perpassar uma ideia com apenas duas ou três frases. Sou prolixa (ha ha ha) e, na maior parte do tempo, rebuscada demais. O que requer ousadia, tempo, disposição, ócio e muuuuuuuuuito espaço para escrever, despejar todo o lixo tóxico que às vezes impregna a minha cabecinha meiga. Minha professora de redação que o diga. Então, diante de tudo isso, fica claro que a única solução para mim e para os meus momentos altamente líricos, em que minha versatilidade e criatividade afloram, é... Criar um BLOG! Se o Orkut caiu de nível, ficou insosso (ou, segundo outros, virou recurso de fake-emo-suburbano-sem-amigos-reais), o fotolog praticamente extinguiu-se, o Twitter é conciso demais, modinha demais, inglês demais pra mim... Só me resta o démodé e incompreendido blog. Por amor às causas esquecidas, fracassadas, destituídas de brilho, e ignoradas, eu me recuso a sair daqui. Então, pois bem, é isso. Só me resta escrever. Ou não escrever, até porque, blogs representam a liberdade de você fazer o que quiser. E aos que acharem o título muito sugestivo ou pretensioso, peço que me perdoem. Minha única pretensão aqui é não pretender nada.