sexta-feira, 17 de maio de 2013

"Okay", he said

Terminei de ler (14/05) "A culpa é das estrelas". Incrível (e reconfortante) pensar que bons textos ainda estão sendo escritos. Não sei se a lógica duramente capitalista do mercado editorial permitiria que mais livros humildemente brilhantes e apelativos (não de um jeito ruim) como este sejam feitos, sem deixar que a capa do livro, o marketing resenhista, o "todo mundo tá lendo no universo dos pré-adolescentes e mal-comidos" impeçam o crescimento natural, maduro e discreto (ainda que, no caso de "The fault in our stars", como acontece com frequência em tantos outros, tenham insistido em anexar à capa, posteriormente, o polêmico - e por mim desprezado - selo "#1 New York Times best-seller") de obras assim.
É um livro muito jovem para adultos esgotados. É um livro muito adulto para jovens-ameba (contingente majoritário neste planeta). É, portanto, um livro para jovens adultos. Ou adultos jovens. De alma, digo. E disposição. Pessoas que entendam que a capa  e o título (quando traduzido para o português, ressalvo, já que o original funciona perfeitamente, e orgulharia qualquer Harold Bloom) não conseguem abarcar, em sua tola alegria esfuziante de nuvens em giz de cera e um brilhante fundo azul-verão, toda a magnitude dessa obra humildemente pretensiosa.  E mais que satisfatória às próprias pretensões.
E mais, devo dizer, para salvar a honra dos que não se contentam com o apelo errado das cores equivocadas na capa de um livro que se vende de um jeito (matem as malditas editoras e estantes "badaladas" de livrarias) mas que não faz concessões ao hipotético público-alvo:  azul é também tristeza, inclusive os tons mais brilhantes.
E brilhantismo é a palavra para esse romance suficientemente desmistificado/desmistificador, onde você se comove com a doce filosofia de boteco-bistrô irrepreensível, com o amor que achou já não estar mais em moda (entre pais e filhos), com os diálogos de referências primorosas (e, Deus salve John Green e os sábios tradutores, não exaustivamente explicadas em "N.T.s" e N.E.s", por terem consciência de que só servem para público os que têm intelectualidade suficiente para captar os estímulos). Enfim, um ótimo livro. Para desafogar as vistas (e os sonhos) da quantidade surpreendente de lixo com que - aqui vai um belo exemplo, ainda que aleatório - as Lojas Americanas têm entulhado as prateleiras (de suas lojas e de nossos cérebros).

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