quinta-feira, 13 de novembro de 2014

QUEM SOU EU

Paragrafação escrota, prazos estourados, não fala palavrão, só mesmo no texto literário. Textinhos melecados escritos na telinha apertada e angustiante do celular. O criado-mudo abandonou a TV, esta foi para o chão, e ele agora ao lado da cama, mil sonhos mil projetos mil planos arquitetônicos sobre ele projetados, permanece apenas e unicamente atulhado, cheio de poeira, inútil em seu excesso de utilidade provisória e indispensável. Come, come, come. Engorda gradualmente a cada ano uma gordura definitiva. Não para de comer porque não se privará de nada. Um dia, se assusta, quem sabe. Teve aquele livro que fez o coração doer por mais tempo que deveria por um amor que não durou muitos meses mas que foi sofrido como um divórcio. O amor era paixão e como toda paixão se curou. Fica o livro. Para sempremente amado. Nunca lido mais de uma vez. Este ano, quem sabe. Há expectativas mil. Mas o medo da perda do herói... A perda do herói... Melhor nem pensar nisso. Aguardemos o dia 19. E a praia, rola? Quem sabe... Quem sabe... Tinha um sonho ali dentro que era: conseguir passar uma semana inteira sem perder pelo menos um amor, uma lágrima e uma certeza. Na quarta, morreu de alegria. Na quina da noite da quinta à noite, chorava, já envergonhada de não ter conseguido levar a bandeja com as taças de cristal por muito tempo antes de derrubar tudo. Ao mesmo tempo, se intriga... Que mistério é esse que faz surgir tanto medo na hora de transportar as taças, se estar perto dos cristais é coisa tão maravilhosamente linda de se ver e de se estar e de se ter? Não, não tem nunca. Sempre as quebra. Comprou algumas coisas. Mas é claro que a alegria efêmera se esvaiu. Estava olhando alguém no ônibus e de repente percebeu que aquilo era cansativo e não importava. Saiu com um peso a mais, e um peso a menos. Mas um a mais, sempre tudo assim doendo tanto muito que chega a ferir de verdade, e olhar e ver que é sempre a mesma lengalenga. E a paragrafação escrota? Reclama tanto, e se contorce, mas não muda nunca.

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