quinta-feira, 13 de novembro de 2014

POR UM FIM

Não vivo o momento mais contente nem mais produtivo da minha vida, mas há aqui, exatamente nessa tristeza inapta, desgastada e estéril, algum potencial para um brilhantismo meio tosco e manco. Adoravelmente rebarbado contra o mundo e contra mim mesma.
Sobrevivo. Tenho amigos, compro livros, como bem, durmo à noite.
Mas às vezes não durmo, e nenhum braço me acolhe. Não conto tudo a todos e de certo modo ter segredos é como não ter amigos. Os livros que compro empilham-se, intactos. Não consigo ler. Pulo refeições. Às vezes a cabeça dói porque eu simplesmente não tive vontade de dar ouvidos ao estômago.
Enfim.
É uma vida boa, esta minha, porém despida de muito que seja vida abundante. É uma vida que me cabe. Mas me aperta.

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