quarta-feira, 13 de julho de 2011

"A NOSSA MÚSICA"

É normal todo casal ter sua musiquinha temática. E não digo isso de modo esnobe ou debochado. Apenas comento. Mas falemos sobre os curiosos casos em que os casais escolhem como trilha sonora de seus romances canções lindíssimas e inspiradoras como... "Seu guarda, eu não sou vagabundo, eu não sou deliquente, sou um cara carente!".
Eu tinha uma amiga, na época em que morei na chuvosa Belém, que, durante nossa sétima série, namorou um carinha mais velho, da mesma escola, que era "TUDO" com letras garrafais. Bonito, charmoso, educado... Enfim, era bacana.
Os dois foram passar, com suas famílias, a virada do ano lá na Estação das Docas. Ocuparam suas mesas, curtiram o visual, beijaram, blá-blá.
Depois, ela me deu todo o parecer da noite, contou como foi, se divertiu enumerando os detalhes. Até que, em dado momento, minha amiga disse: "Aí tocou a nossa música...". E eu perguntei: "Que música?". E ela me respondeu: "Aquela da Vanessa da Mata com o Ben Harper".
Ah, Deus. Ela estava falando de Boa Sorte (Good Luck). Eu disfarcei uma caretinha e, mesmo ainda ouvindo seus relatos interessadamente, só o que eu podia pensar era: "ISSO LÁ É MÚSICA PARA SE ESCOLHER?????"
Vejam se vocês me entendem. A música fala sobre despedida, sobre um relacionamento desgastado que finalmente acabou, fala sobre dizer adeus a alguém que compartilhou a vida com você, fala sobre ceder à pressão dos "amigos", dos que estão ao redor, de todas as circunstâncias que sufocam e matam estes simulacros de amor que vivemos hoje. Se o amor já é tão frágil e capenga, como o concebemos, por que sufocar ainda mais o bichicho, escolhendo, para ser o tema de um amor ainda jovem, uma música que fala sobre fim e saparação?! Certamente um começo não muito auspicioso, quem sabe até a fabricação de um presságio.
Bem, os meus amigos da história não tardaram muito a desmanchar a relação, ainda que estivessem envolvidas as famílias e tudo o mais. Mas também, com uma música psiquenta dessas!... Que relacionamento suportaria?! Só mesmo um de verdade.
É por isso que, já eu, sempre fui honesta com meus momentos, meus relacionamentos, e suas respectivas músicas.
Mentira!
Talvez tenha sido eu a que já cometeu os erros mais estúpidos desse tipo, alguns ínfimos, mas ainda assim estúpidos. Destas experiências, extraí muito. É verdade quando dizem que aprendemos com cada estupidez. E, se posso dar um conselho sábio, eu digo: jamais, JAMAIS, amiga/o minha, chegue para o seu companheiro e pergunte, em voz melosa: "Qual é a nossa música, amor?" Não pergunte, porque essas coisas não se perguntam, não se fabricam, entende? Elas simplesmente acontecem... A música do casal aparece quando tem de aparecer, não é uma obrigatoriedade que seja sempre no início da relação. E, se você não deixa rolar, e, ao invés disso, força a barra e pergunta: "Qual é amor, qual é? A nossa música, amor!", vai que ele te responde "Good Luck", tchau e bênção, vá com Deus?! Ou até mesmo canta para você: "Teus lábios são labirintos..." E esquece de completar dizendo que, em todo refrão de bolero, há pelo menos um corno, um adúltero e um alcoólatra!
Já pensou?!
É melhor deixar como está.
Forçar não é legal exatamente porque não é espontâneo.

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