quarta-feira, 14 de março de 2012

EMPANTIPATIA

Só quem já provou um verdadeiro desamor à primeira vista, pode ter noção do que vem a ser a empantipatia.
"Empantipatia" é, como bem suposto, a junção de antipatia com empatia. Configura-se "empantipatia" quando antipatia e empatia coexistem de maneira inconsciente e perfeitamente instável.
Essa mescla de emoções, que na realidade consiste num só sentimento, aparece normalmente quando um indivíduo se sente pessoal e profundamente perturbado com a existência de um outro determinado indivíduo. Aí está o desamor à primeira vista, também conhecido por "nojinho", e este desamor é sempre prenúncio à tal empantipatia.
Não passa de um amor não professado. Sabe-se lá por quais medos, projeções, anseios...
Mas voltemos.
O quadro de sutil desamor logo evolui e transforma-se em antipatia bruta, nojo mortal, asco sem limites e indefinível. Você não sabe muito bem por que despreza tanto a esse seu semelhante, mas sabe unicamente que a mera pronúncia do nome da pessoa já é capaz de despertar em você as maiores crises de ira e golfadas.
Mas o que você não sabe é que toda essa antipatia, no fundo da sua mente, adormecida no mais remoto recôndito do seu coração, na verdade é a pura e simples empatia.
De fato, essa sua antipatia quase irracional pode ser perfeitamente explicada: você não se dá com determinada pessoa porque enxerga nela você mesmo. E não consegue evitar desprezá-la, para não desprezar-se, porque ela reflete você de uma maneira irrevogável. Tanto os pontos positivos, quando os negativos. Ainda que sua antipatia insista em reconhecer somente estes últimos.
Desta forma, a empantipatia ocorre quando a discórdia que você nutre para com alguém encontra explicação no fato de que você se parece com o alvo do seu desprezo muito mais do que gostaria.
Afinal, é sempre aquela história... A linha tênue do amor e ódio... Neste caso, também quem prevalece é o amor. Ou melhor, a empatia.
E tudo se dá de maneira metódica e bem familiar (você provavelmente conhece o passo-a-passo, mas de outros contextos): Você nega, mesmo depois de muito tempo desprezando aquele em quem você se projeta; em seguida, vem a raiva; após isso, a tristeza; e, por fim, a aversão se transforma em confortável aceitação.
E tudo então deságua numa curiosa amizade... Já que, apesar de enxergar no outro o seu pior, não dá para resistir a ter como melhor amigo alguém com as mesmas melhores partes de você.



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