quinta-feira, 24 de março de 2011

JUVENTUDE

Aquelas noites de verão foram incríveis. A juventude, o som, as músicas, os cheiros... Sensações infinitas. A turma se sentia forte, quente, invencível. Eles eram praticamente invencíveis, perdidos no mundo.
Ah, o tempo... Tão distante naqueles dias. E eles mal sabiam quantas coisas ainda os aguardavam, ainda aconteceriam.
A vida vai mudando, e a gente nem percebe. Só se dá conta quando tudo já foi feito, já passou. E todos eles sairiam mudados daqueles verões. Nenhum deles, sequer um pedaço deles, foi o mesmo depois daquilo tudo.
Mais do que sombras, que nas noites cortavam as avenidas sobre motos ferozes e motores envenenados; mais do que estrelas que furavam o céu ensolarado e as tardes quentes; circulavam pelas ruas da cidade como heróis rebelados.
Aqueles rapazes eram tudo o que qualquer um foi ou quis ter sido. Eles transpiravam vida. Condutas tortas. Qualquer um podia sentir, podia cheirar, podia ver.
Eles riam e debochavam enquanto o mundo todo desabava sobre suas cabeças. Vida, fúria, sonhos, ilusões, dores, doçuras, surpresas... Passados tristes e lembranças irritantes, que ficaram embargadas pelo meio da garganta. Um alucinante e poderoso bater de asas, a liberdade, a perda, as descobertas.
Naquelas noites intensas de verão, o tempo, e o medo, pareciam estagnados. Mortos. Só havia o som inquieto de uns corações desenfreados...
Eram todos sem freios. E que coisas ainda os esperavam... A felicidade é morrer em si mesmo, não é? Felicidade é matar um pouco de si, é descobrir a verdade. E eles nem se davam conta, procuravam tanto por ela, tontos como loucos, e nem percebiam que a felicidade era essa morte aí. Era morrer da mesma forma como eles achavam que, para eles, o tempo e as regras estavam mortos, é ignorar as ladainhas e deixar-se viver sem medo.


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