domingo, 10 de março de 2013

O GRANDE GATSBY + UP CLOSE AND PERSONAL

Terminei de ler "O grande Gatsby" (que, por sinal, gostei muito, apesar de a leitura ter começado um tanto arrastada), e fiquei com aquele gostinho na boca e na mente... Imediatamente após, fui fuçar sobre as versões cinematográficas. Nessas andanças pela internet, descobri que vão levá-lo de novo às telas agora em 2013, parece que em abril, com nosso imortal Tobey Homem-Aranha no papel de Nick, o narrador do livro, e ninguém menos que DiCaprio como o grande Gatsby. Parece-me que a Daisy será interpretada pela atriz que fez a irmã de Michael Fassbender em "Shame". O trailer é promissor.
Tudo isso só aguçou ainda mais meu interesse pela obra, então fui assistir à versão de "O grande Gatsby" de 1974, em que Robert Redford interpreta o personagem principal, e Mia Farrow, a mocinha. Não gostei muito da performance dela. Apesar de o livro ter seus personagens construídos com aquele teor performático, como caricaturas da própria época, em que os diálogos muitas vezes parecem surreais, impenetráveis, ou absurdamente frívolos - características literárias admiráveis, pois décadas depois ainda conseguimos saborear nesses diálogos o gosto apurado da ironia e mordacidade com que Fitzgerald tratou sua época, e o próprio estilo de vida que, mesmo criticando tão refinadamente, ele e a esposa perseguiram em toda a vida -, não gostei absolutamente da interpretação de Mia Farrow.
Poderia desenrolar um milhão de argumentos para atestar o que estou dizendo, mas acho que o que mais me aporrinhou foi o fato de ela não transmitir em nada uma das características mais marcantes de Daisy Buchanan: a voz. Aquela voz que, nas palavras dos próprios personagens, estava cheia de dinheiro. E, em outras passagens, uma voz sedutora, encantatória, para não dizer etérea. Enfim, uma voz com algo especial, uma entonação mais rouca, pausada, ou suave... Talvez como a voz da atriz que interpretou Jordan, enquanto que o timbre de Mia Farrow só me fazia pensar: "Cale a bendita boca!". Ela soava estridente e artificial sempre (como é possível?!), e talvez fosse a intenção, mas desvirtuar o maior traço da personagem do livro assim não me agradou em nada. Eu queria uma voz que me fizesse entender um pouco dessa "magia" que pairava ao redor de Daisy, e não simplesmente a voz de alguém que mal pode ser ouvida por seres humanos. Nada contra a Mia, que, ironia das ironias, tem uma voz doce e suave em todos os outros filmes. Ah, sei lá... Não sou graduada em vozes.
Contudo, em compensação, eu não poderia pensar em um melhor ator para encarnar Nick Carraway. E preciso dizer que me apaixonei por Nick? Tanto em sua exacerbada condescendência, o que muitas vezes o conduziu à omissão e, eventualmente, ao erro (mas ele estava justificado devidamente desde o início, ao afirmar que era muito cauteloso ao julgar as pessoas, preferindo dar seu voto de confiança a qualquer um, indistintamente, até as últimas consequências, esperando pelo momento quando enfim sua longa paciência se esgotaria e sua estima fosse perdida para sempre), quanto em sua extremada lealdade. Gostei de tudo a respeito dele, até do que não deveria inspirar paixão. Tanto o personagem literário, em sua essência invisível, mas bem palpável na página do livro, quanto do personagem na tela, andando, falando, pensando, bebendo. Impressionou-me ainda a precisão com que imaginei um Nick Carraway muito semelhante ao ator da versão de 1974, com a diferença dos cabelos, que em minha mente eram um pouco mais claros. Enfim, tolices de leitor.
Voltando ao próprio Gatsby. Após ver o filme, me senti inspirada e inclinada a caçar um pouco mais de Redford. Tudo o que eu já tinha visto dele se reduzia muito provavelmente a três títulos: "Nosso amor de ontem", "Proposta indecente" e "Butch Cassidy & The Sundance Kid". E como eu estava muito impregnada do surrealismo apavorante de David Lynch, e outros filmes ditos "mais sérios", "mais profundos", pensei em pescar por aí algum filme do Robert Redford em que ele estivesse em pele de galã e pronto para me arrancar suspiros. Acho este homem tão bonito - e não sou muito de admirar belezas óbvias, vou mais pela via do "é charmoso em sua estranheza", mas abro exceção ao Redford -, que chega a me dar até vontades de chorar. Pois então, eu buscava algo dele que fosse um meio-termo entre uma comédia-romântica e um filme profundo, que me fizesse sonhar e refletir, mas sem me jogar no abismo dos contos de fada, ou no outro abismo do drama e das depressões suicidas.
Fui ao Filmow (rede social que, por sinal, me faz mais feliz e satisfeita que todas as outras, quase se equiparando ao finado Orkut) e, olhando pôster por pôster da filmografia do Redford, achei este título, escrito sobre uma linda cena azulada: "Up close and personal". Achei promissor. Lancei-me ao desafio...
... Não me decepcionei em nada!!! E como as demandas para esse filme não estavam tão altas assim, meu horizonte de expectativa foi superado com maestria! E adivinhem quem que o personagem do grande Redford cita numa das passagens do filme? Scott Fitzgerald! Scott Fitzgerald, sim, e sua máxima recorrente sobre a voz que soa como dinheiro!... Por sinal, também já citada aqui.
Era o que eu estava precisando, esse filme... Não muito bobo, mas também não absurdamente sério e pretensioso, filme para entrar em minha humilde lista dos favoritos e ocupar minha mente com uma linda história persistente. Gostei bastante. Normalmente não me cativa a Michelle Pfeiffer, mas achei-a ótima nesse filme. Agora são dois que me aprazem: Esse e "Nunca é tarde para amar", com meu querido Paul Rudd.
Enfim, tudo isso para dizer que tomei uma overdose de Robert Redford, e morreria feliz.

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