Delícias infinitas nos são proporcionadas quando estamos ali ranzinzas, azedos à espera do atendimento, como que para compensar a demora paradoxal dos fast food.
Dois Sócrates na fila:
- ... É louco, cara! Você faz uma descoberta. E aí vai percebendo ao longo do seu cotidiano, nos dias seguintes, imediatamente após o descoberto, milhares de referências àquilo que antes você não conhecia. Filmes, músicas, hiperlinks, notas de rodapé nos livros... Uma loucura...
- Sei como é. Então a gente para pra pensar e se pergunta quantas coisas mais tem deixado escapar... Vivemos essa vida de ignorância plácida, ridícula...
- Mas aí, superado o desespero inicial, vem essa mesma ignorância, com aquela vozinha doce, confortadora, e sussurra no seu ouvido... "Calma... Você viveu até aqui sem saber de nada... Não é agora que vai morrer, não é mesmo?"
- Ha, ha, ha! Essa ignorância é mesmo uma quenga!
- É...
- Interessante mesmo é aproveitar o caminho natural das descobertas, não é? Não tem jeito. Deixa rolar. Não vou sair à caça. Se algo escapar à percepção, nem saberemos. Afinal, não sabemos mesmo!
- Verdade... E por mais que eu venha a saber de algo mais, permaneço sem saber de todo o resto. O fato de eu começar a conhecer só me mostra como sou ignorante!
- Saber que nada se sabe é uma bênção. Não corro o risco de achar que já sei de tudo. Essas descobertas fortuitas me mantêm ligadão. E aí, vai pegar o Big Mac de sempre?
- Hoje eu vou de Big Tasty.
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