quinta-feira, 21 de março de 2013

TENHO DUAS COISAS A DIZER

1ª - Preciso urgentemente de amigos que me levem para passear.

2ª - Estou apaixonada pelo presidente do México.

sábado, 16 de março de 2013

COMO DIZER...?

Como dizer para aquele seu amigo ou conhecido que, no inglês, o adjetivo vem antes do substantivo? Que você quer de volta aquele livro que emprestou há mais de um ano? Que os acentos não existem por acaso, e devem ser colocados nas palavras dos trabalhos que vocês fizerem juntos? Que o personagem que ele mais gosta vai morrer antes do final da série/livro e, por isso, é melhor não se afeiçoar tanto? Que ouvir sertanejo não o promove a uma categoria de seres humanos legais? Que usar os cortes de cabelo do Neymar não faz dele um grande jogador de futebol-pegador-ricaço? Que o perfume que usa dá náuseas? Que mastigar de boca aberta e fazendo barulho ainda não está na moda? Que batom azul assusta? Que você prefere pizza sem cebola? Que não quer ganhar um ovo de páscoa de Charge, porque não gosta de chocolate com amendoim? Que não se pronuncia "Keiti" Richards? Que as montagens fotográficas que ele faz são toscas? Que ninguém se interessa por seu coração partido semanalmente? Que ninguém quer saber onde ele está nem o que anda comendo? Que ninguém liga para o fato de se sentir feliz porque hoje é sábado? Que é chato - e ilógico -  reclamar de dor de cabeça e continuar no Facebook? Que Johnny Depp não é uma espécie de messias? Que elogiar a fotografia de um filme não faz dele um crítico de cinema? Que ele não sabe usar as palavras "paradigma", "estereótipo", "paradoxo" e "clichê" nos contextos certos? Que dor de corno nas redes sociais é mais repelente que ao vivo? Que ele não tem autoridade para corrigir a gramática de ninguém? Que ele superestima o consumo de Doritos? Que compartilhar fotos de cachorrinhos e bebês desconhecidos não o torna cativante? Que seu gosto musical o está reduzindo a uma ameba? Que ele coloca vírgulas onde não deveria? Que ser poeta de Facebook é mais ridículo que lírico? Que ninguém está dando a mínima para o seu aumento de bíceps? Que exibir glúteos e glândulas mamárias em fotos não atrai pensamentos saudáveis? Que ele não é bom em inventar piadas? Que não vai conseguir passar em Medicina? Que não desenha nem de perto "bem"? Que jamais será um escritor? Que seu francês é sofrível? Que aquela foi uma curtida irônica de fulano? Que ter pintado o cabelo foi um erro? Que gostar de velha MPB ou derivados não o faz mais adulto ou intelectual? Que ter dreads não o promove a nenhuma categoria de almejada idiossincrasia? Que ele não precisa baixar toda a discografia e decorar todos os nomes dos integrantes e seus parentes para se tornar fã de uma banda? Que ninguém jamais curtirá seus vídeos no YouTube gravados com a câmera do Motorola V3 e, se depender disso, jamais será um grande vlogger? Que "A batalha do apocalipse" não é "o melhor livro do mundo"? Que tirar fotos de boca torta é quase tão traumatizante quanto com a língua de fora? Que dá vergonha ao vê-lo citar Caio Fernando Abreu ou Paulo Coelho? Que andar com uma garrafinha de água pra cima e pra baixo é broxante?
Como? Como?
Faça o seguinte: mostre esta postagem a ele; cole no mural, faça o link sutilmente escorregar em alguma rede social, ou abra a janela no notebook e saia de fininho, e deixe o resto por conta do cidadão... E se, ao final, não resultar... Bem, arranje novos amigos.

domingo, 10 de março de 2013

O GRANDE GATSBY + UP CLOSE AND PERSONAL

Terminei de ler "O grande Gatsby" (que, por sinal, gostei muito, apesar de a leitura ter começado um tanto arrastada), e fiquei com aquele gostinho na boca e na mente... Imediatamente após, fui fuçar sobre as versões cinematográficas. Nessas andanças pela internet, descobri que vão levá-lo de novo às telas agora em 2013, parece que em abril, com nosso imortal Tobey Homem-Aranha no papel de Nick, o narrador do livro, e ninguém menos que DiCaprio como o grande Gatsby. Parece-me que a Daisy será interpretada pela atriz que fez a irmã de Michael Fassbender em "Shame". O trailer é promissor.
Tudo isso só aguçou ainda mais meu interesse pela obra, então fui assistir à versão de "O grande Gatsby" de 1974, em que Robert Redford interpreta o personagem principal, e Mia Farrow, a mocinha. Não gostei muito da performance dela. Apesar de o livro ter seus personagens construídos com aquele teor performático, como caricaturas da própria época, em que os diálogos muitas vezes parecem surreais, impenetráveis, ou absurdamente frívolos - características literárias admiráveis, pois décadas depois ainda conseguimos saborear nesses diálogos o gosto apurado da ironia e mordacidade com que Fitzgerald tratou sua época, e o próprio estilo de vida que, mesmo criticando tão refinadamente, ele e a esposa perseguiram em toda a vida -, não gostei absolutamente da interpretação de Mia Farrow.
Poderia desenrolar um milhão de argumentos para atestar o que estou dizendo, mas acho que o que mais me aporrinhou foi o fato de ela não transmitir em nada uma das características mais marcantes de Daisy Buchanan: a voz. Aquela voz que, nas palavras dos próprios personagens, estava cheia de dinheiro. E, em outras passagens, uma voz sedutora, encantatória, para não dizer etérea. Enfim, uma voz com algo especial, uma entonação mais rouca, pausada, ou suave... Talvez como a voz da atriz que interpretou Jordan, enquanto que o timbre de Mia Farrow só me fazia pensar: "Cale a bendita boca!". Ela soava estridente e artificial sempre (como é possível?!), e talvez fosse a intenção, mas desvirtuar o maior traço da personagem do livro assim não me agradou em nada. Eu queria uma voz que me fizesse entender um pouco dessa "magia" que pairava ao redor de Daisy, e não simplesmente a voz de alguém que mal pode ser ouvida por seres humanos. Nada contra a Mia, que, ironia das ironias, tem uma voz doce e suave em todos os outros filmes. Ah, sei lá... Não sou graduada em vozes.
Contudo, em compensação, eu não poderia pensar em um melhor ator para encarnar Nick Carraway. E preciso dizer que me apaixonei por Nick? Tanto em sua exacerbada condescendência, o que muitas vezes o conduziu à omissão e, eventualmente, ao erro (mas ele estava justificado devidamente desde o início, ao afirmar que era muito cauteloso ao julgar as pessoas, preferindo dar seu voto de confiança a qualquer um, indistintamente, até as últimas consequências, esperando pelo momento quando enfim sua longa paciência se esgotaria e sua estima fosse perdida para sempre), quanto em sua extremada lealdade. Gostei de tudo a respeito dele, até do que não deveria inspirar paixão. Tanto o personagem literário, em sua essência invisível, mas bem palpável na página do livro, quanto do personagem na tela, andando, falando, pensando, bebendo. Impressionou-me ainda a precisão com que imaginei um Nick Carraway muito semelhante ao ator da versão de 1974, com a diferença dos cabelos, que em minha mente eram um pouco mais claros. Enfim, tolices de leitor.
Voltando ao próprio Gatsby. Após ver o filme, me senti inspirada e inclinada a caçar um pouco mais de Redford. Tudo o que eu já tinha visto dele se reduzia muito provavelmente a três títulos: "Nosso amor de ontem", "Proposta indecente" e "Butch Cassidy & The Sundance Kid". E como eu estava muito impregnada do surrealismo apavorante de David Lynch, e outros filmes ditos "mais sérios", "mais profundos", pensei em pescar por aí algum filme do Robert Redford em que ele estivesse em pele de galã e pronto para me arrancar suspiros. Acho este homem tão bonito - e não sou muito de admirar belezas óbvias, vou mais pela via do "é charmoso em sua estranheza", mas abro exceção ao Redford -, que chega a me dar até vontades de chorar. Pois então, eu buscava algo dele que fosse um meio-termo entre uma comédia-romântica e um filme profundo, que me fizesse sonhar e refletir, mas sem me jogar no abismo dos contos de fada, ou no outro abismo do drama e das depressões suicidas.
Fui ao Filmow (rede social que, por sinal, me faz mais feliz e satisfeita que todas as outras, quase se equiparando ao finado Orkut) e, olhando pôster por pôster da filmografia do Redford, achei este título, escrito sobre uma linda cena azulada: "Up close and personal". Achei promissor. Lancei-me ao desafio...
... Não me decepcionei em nada!!! E como as demandas para esse filme não estavam tão altas assim, meu horizonte de expectativa foi superado com maestria! E adivinhem quem que o personagem do grande Redford cita numa das passagens do filme? Scott Fitzgerald! Scott Fitzgerald, sim, e sua máxima recorrente sobre a voz que soa como dinheiro!... Por sinal, também já citada aqui.
Era o que eu estava precisando, esse filme... Não muito bobo, mas também não absurdamente sério e pretensioso, filme para entrar em minha humilde lista dos favoritos e ocupar minha mente com uma linda história persistente. Gostei bastante. Normalmente não me cativa a Michelle Pfeiffer, mas achei-a ótima nesse filme. Agora são dois que me aprazem: Esse e "Nunca é tarde para amar", com meu querido Paul Rudd.
Enfim, tudo isso para dizer que tomei uma overdose de Robert Redford, e morreria feliz.

quinta-feira, 7 de março de 2013

OS QUE FUNCIONAM EM OUTRA FREQUÊNCIA

Me intriga, e talvez também me assuste, essa coisa das pessoas que funcionam em outra frequência. Tomando por padrão o regular, tomando por comum o frequente, o que eu vejo? Minhas amigas tendo bebês. Não sei se é idade suficiente, mas, não, talvez já não seja essa velha questão de idade (o ponto é que eu perdi a noção de adolescência e juventude depois dos quinze, já não sei quão jovem - ou quão velho - é ter 19/20 anos). Esqueçamos a idade. É mais sobre lidar com esse fato de pessoas tão próximas a você estarem fazendo novas pessoas dentro delas... Parece clichê, mas se torna curioso e levemente surreal quando se prova tête-à-tête: as crianças cresceram e agora estão botando no mundo outras crianças.
Contudo, não diz respeito somente à maternidade - prematura ou não, a questão é: inesperada; você não viu isso chegar -, mas a outros fatores da vida. Você agora é grande o bastante para ver pessoas casarem. Grande o bastante para ver pessoas morrerem. Grande o bastante para ver alguns de seus ídolos - e nem precisa necessariamente ser um de seus ídolos, basta alguém que você considerava imorrível ou inexpugnável, pode ser Chávez, ou até mesmo o Papa - irem embora um a um... E você vai se tornando esse ser absurdo que costumava ser seus pais: gente velha que admirava estátuas que já tinham morrido. Os seus estão morrendo agora também.
Então vem a questão da frequência diferente: você não se acostuma. Não tem jeito, você não consegue fazer o coração bater nesse mesmo ritmo - lento e suave ou forte e perigoso - que agora bate o coração dos outros que estiverem todo esse tempo com você. Seu coração não funciona mais como o deles, ou nunca funcionou. Sua mente também trabalha à parte, é mais lenta, mais profunda, demora a se acostumar. Sua alma também não sabe...
É essa a outra frequência assustadora: você ver tudo mudar ao redor enquanto permanece caçando mistérios num instante perdido depois da meia-noite, enquanto todos os outros dormem, ou simplesmente existem...