Cor, do latim, significa "coração".
"Saber de cor" é isto: algo que você aprendeu e internalizou de tal maneira, que aquilo ficou armazenado irrevogavelmente em seu íntimo — no coração.
É uma das expressões mais bonitas da língua portuguesa. Ignorada até uma dessas manhãs quaisquer da vida, assim, displicentemente, quando, na faculdade, brota, em meio a uma aula de Fonologia... Engraçado como surgem as epifanias. Então, a ideia nos captura, e nos faz reféns, não nos deixando nunca.
Saber de cor está para além do falso de(cor)ar sabatinado, do bê-a-bá, do aprender, recitar, para depois, caindo no limbo, esquecer.
Saber de cor é trazer algo para dentro de si, e deixá-lo ali, e nem mesmo os seus mais turbulentos intentos ou as mais caprichosas convicções são capazes de anular aquilo que você sabe com o coração.
Quando, racionalmente, você quer saber, usa-se o cérebro. No entanto, para que o saber faça parte de você, flua pelo sangue, inunde, percorra as veias, artérias, inflame os sentidos, então é necessário que se saiba de cor.
Saber de cor é tornar precioso aquilo que se sabe, jamais esquecê-lo. E a quantidade de coisas que assim você pode saber é infinita... Mas, atenção: Só guarde no coração o que real e imediatamente soe como algo que há muito tempo você procurava, como um pedaço que faltava, e agora eis aí; e você, completo.
Guarde, assim, estritamente, o que lhe for querido.
Guarde no cor, no cuore, no coeur...
No coração.
Ei, eu gostei muito desse texto!
ResponderExcluirObrigada, Luquinhas! Sabes que me inspiro em ti...
ExcluirBeijos!