segunda-feira, 21 de junho de 2010

LOUCA AGONIA

Escrevo porque todos os outros bens ou talentos me foram negados. Escrevo porque gosto. Escrevo porque, senão, minha alma se afoga. É um maremoto de águas-palavras, assim, tão loucas, às vezes meio tortas. Escrevo porque um dia quis escrever, e teimei, e tentei, e quase consegui. E hoje vou conseguindo, aos tropeções. Escrevo porque só sei dizer deste modo: escrito.
As ideias na cabeça se embaralham, atropelam umas às outras, mas no papel se criam, se organizam. O lance problemático mesmo é cuspi-las. Da cabeça ao papel dá um trabalho!...
E ainda assim escrevo. Ah, vida. Ninguém entende quando minhas redações se tornam exemplares de um Harry Potter. Ninguém entende. Ninguém entende que para mim é um prazer, não petulância, não chatice, talvez, quem sabe, uma gota de falta do que fazer. Mas esse não fazer nada que me fez escrever acabou se mostrando tão vocacional, tão obrigatório, e rendoso... Hoje escrevo porque é isso que esperam de mim, esperam que eu escreva, e o faço. E eu espero também, de mim, escrever.
Mas ainda não fica bom. Não está bom sempre. Eu erro. Era com "s" e foi sem "p".
Espero escrever, é o que espero de mim. Escrever tão bem, tão lindamente, e não consigo. Não sempre. Algumas vezes a enxurrada de palavras é só isso mesmo... Palavras. E nada. E dizer nada não é o que eu quero. Quero dizer alguma coisa.
Quero escrever dizendo, dizendo ao mundo, ou a ninguém, mas ainda assim dizendo, que o que eu escrevo vale. Vale a pena: ser lido. Vale o prazer. Ah, quem sabe.

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