quarta-feira, 30 de maio de 2012

O ADEUS

De algum modo, eu sabia, pressentia que este momento chegaria.
Momento em que deixo para trás velhos hábitos. Momento em que descubro, bastante atordoada, mas ciente, em meio às esquinas da livraria, que os livros que sempre li e que sempre me emocionaram e me distraíram e me acalentaram já não me apetecem mais.
Momento em que chego à borda das lombadas, e capas cor-de-rosa e azul-celeste não me sugerem mais nada, não me seduzem. Momento em que passo pela estante da distração, do escapismo, da massificação, do infanto-juvenil, do chick-lit, do trivial, do bobo, e nada daquilo mais me chama.
2h frenéticas, à caça, e nada. Nem um arroubozinho sequer.
O que fazer?... Não sei.
O adeus. O momento em que percebo que, de certa forma, amadureci, pois o que antes para mim era normal, muitas vezes sagrado e inquestionável, hoje parece verde e infantil. Maturei, sim, talvez. Mas não o bastante para encarar os clássicos... Os quais ainda me cansam antes mesmo que eu comece a lê-los!
Parece que ainda não sou adulta, mas também não mais criança, nem adolescente - eis o meu vácuo literário... Estou vivendo-o. Na espera de que algum arroubo venha me tirar da letargia. Porque já não há tesão por Sheldon, Nora Roberts e Danielle Steel, contudo, ainda não estou preparada para Wilde, Byron, Mansfield, enfim, toda a corja britânica, e igualmente despreparada para Eco, García Márquez e Italo Calvino. Tanta pretensa intelectualidade aglomerada ao redor desses nomes me enfada, me enerva...
E eu fico assim mesmo, sem nada ler. Não conseguindo, assim, ler nada além de mim mesma.


2 comentários:

  1. Engraçado né! Antes a gente se matava por Nora Roberts! Huahuahuaha. Também enjoei. Agora só to lendo livros de arquitetura mesmo... Para não dizer que não li nada, li um livro chamado A massai branca. Sabe aqueles livros que vc ve na livraria e nao tem coragem de comprar, pois é, daí eu baixei, bacana até. Me chamou atenção quando eu vi, uma autobiografia de uma mulher suíça que se apaixonou por homem de uma tribo na Africa, deixou tudo e foi viver esse amor um tanto selvagem,que para mim era fadado ao fracasso... É uma dica, não sei se faz teu estilo, mas....
    Bjo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É verdade... Incrível como mudamos, enjoamos, queremos algo além!... Inclusive escrevi sobre isso na matéria dessa semana no jornal. Podes dar uma conferida e me dizer o que achaste.
      Ah! Eu conheço a história da Massai Branca - não sabia que era livro, porque vi o filme há séculos atrás! É essa história mesmo. Eu achei bacana. O modo como ela "ensina" ele a amar... É emocionante.
      Beijo!

      Excluir